Por que educação financeira para as crianças?
Ainda há quem pense que a busca por educação financeira se confunde com uma acelerada corrida atrás de riqueza e fortuna. Atrás do primeiro milhão e dos milhões seguintes. Isso é um dos claros sinais da falta de educação financeira. Educação financeira é muito mais do que isso. Comecemos esclarecendo que o objetivo da educação financeira não é ensinar a ganhar mais dinheiro pelo simples objetivo de ter mais e mais dinheiro. Seria mais adequado dizer que é ensinar a viver dentro do seu padrão econômico, eliminando desperdícios, aproveitando oportunidades, valorizando o próprio patrimônio.
A educação financeira deve propiciar que as crianças aprendam a diferenciar necessidades de desejos e a perceber as possibilidades limitadas que o dinheiro pode atender. Elas devem aprender que podem sonhar um futuro financeiro melhor. Mas para realizá-lo, terão que aprender a fazer escolhas, a aproveitar oportunidades, a buscar formação e informação compatíveis com suas aspirações e muitas vezes a adiar desejos momentâneos para viabilizar a realização de algum objetivo importante. Terão que criar hábitos financeiros saudáveis que as afaste do consumismo desenfreado, mas ao mesmo tempo estimule-as a desfrutar dos prazeres que o dinheiro pode oferecer, sem tornarem-se escravas do dinheiro. Falando de maneira bastante simples, seria como estimular as crianças a aprender a juntar e manter seu próprio dinheiro, para que elas possam comprar um sorvete sempre que queiram, mas que não se sintam tentadas a comprar logo em seguida o segundo, o terceiro ou o sorvete mais caro que houver, acabando com todas suas economias, expondo-as à frustração no dia seguinte de não poder comprar outro sorvete, porque gastaram todo o dinheiro no dia anterior.
Deixar de falar sobre dinheiro com as crianças talvez seja a maior falha que pais e escolas cometem. Permita que brinquem com moedinhas e cofrinhos desde muito cedo. Estimule-as a pagar pequenas compras e a receber o troco. Valorize atos de economia e poupança. Apresente produtos caros e baratos, duráveis e descartáveis, úteis e desnecessários e ajude-as a perceber as diferenças. Incentive o consumo planejado e consciente. Eduque-as a conservar brinquedos e roupas. Acredite nas ações empreendedoras. Ajude-as a acreditar numa situação melhor. Por outro lado, assegure-se que elas presenciem bons exemplos domésticos como pesquisas de preço, negociações para valorizar seu dinheiro, controle e orçamento, responsabilidade financeira e principalmente equilíbrio entre gastos e possibilidades. É importante que elas aprendam que deve haver equilíbrio entre a prevenção para o futuro e os desfrutes no presente. Ajude-as a perceber que prazeres como a compra de brinquedos e roupas, ingressos de circo e de cinema, viagens de férias e passeios de final de semana são ou não possíveis de ser viabilizados porque há ou não dinheiro disponível. E que essa parte do dinheiro foi ou será reservada para isso. Cada parcela da renda deve ter sua finalidade. Tenha certeza que as crianças conscientes sabem e saberão valorizarmuito mais cada evento. A prática de lazer também pode ajudar na educação financeira. É apenas uma questão de aproveitar as oportunidades. Muitas crianças presenciam brigas, discussões e reclamações domésticas decorrentes da falta ou mau uso do dinheiro em casa. Há pais que focam a educação financeira apenas nas ações de restrição e economia, chegando ao limiar da avareza. Esses são exemplos nocivos para a formação da cultura financeira. Criar crianças financeiramente educadas é preparar adultos conscientes da importância do dinheiro na vida da gente. Pessoas que saibam que alguns itens de conformo e até certos luxos dependerão sempre da disponibilidade do dinheiro. Mas com a consciência do óbvio que dinheiro não é a coisa mais importante. Indivíduos que saibam desfrutar o presente, mas não se esqueçam de se preparar para o futuro. Gente consciente que saiba a falta que o dinheiro faz em algumas situações, mas que tenha se prevenido para nunca ser envolvido numa situação dessas. Colaboração do SOP - Serviço de Orientação Psicopedagógica